Essa sou eu sentindo um murro no estômago por ter que
dizer adeus. Também não é fácil ter que puxar a linha e deixar os nós se
desatar, como acontece no fim de qualquer romance. Eu do lado de cá, ele do
lado de lá. Mil histórias no meio de uma história que poderia ter acontecido,
mas não aconteceu.
Não, não é fácil pular fora do barco e se aventurar em um
mar frio. Mas, de vez em quando, é preciso saber o momento certo de nadar para
longe de um desastre iminente. Quantas pessoas não perderam o timing e ficaram
no Titanic até que fosse tarde demais? A vida avisa uma vez só: não se mate em
um relacionamento que não te faça viver. Mas então, enquanto eu tento pensar na
melhor forma de dizer “até”, ele me olha como se eu fosse a única mulher no mundo.
E eu tenho de dizer aquele velho clichê: não, não é você.
Não é ele. Ainda que eu tenha tentado, me esforçado e
feito das tripas coração. Ainda que eu tenha insistido, enquanto meu peito
dizia, em alto e bom som: não, não é ele. Eu tentei – e esse, talvez, tenha
sido o meu maior erro: ter tentado mesmo sabendo que não vingaria. Eu tentei,
mesmo me sufocando em um amor que não era meu, mas que eu queria muito que
fosse. Eu tentei por pura e simples vontade de retribuir um sentimento que era
tão bonito.
Só que, uma hora, até a gente, insistente, precisa parar.
Continuar no erro seria uma forma de vê-lo feliz por mais alguns minutos, mas
também uma forma de nos levar a um precipício inevitável. No fim, ele acabaria
sofrendo de qualquer maneira, porque eu errei foi no começo. Eu achei que
poderia ter um final feliz, mas desde o início já havia apenas um final.
Talvez ele me odeie, no fim das contas. Talvez eu fique
marcada em sua vida como aquela que sequer deveria ter entrado em seu caminho,
para começar. Me dói, mas tudo bem. A gente precisa de um culpado para qualquer
fim. Assumo a bronca, pego para mim a responsabilidade. Do lado de cá do fim da
história, admito sem medo de julgamentos: eu errei. E que atire a primeira
pedra quem nunca deixou de acertar. Acontece que, às vezes, apenas não é. Dessa
vez, pelo menos, não era.
Blog: Depois dos Quinze,
Karine Rosa