quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Saudade


Sinto saudades de tudo que marcou a minha vida.
Quando vejo retratos, quando sinto cheiros,
quando escuto uma voz, quando me lembro do
passado, eu sinto saudades...
Sinto saudades de amigos que nunca mais vi,
de pessoas com quem não mais falei ou cruzei...
Sinto saudades da minha infância.
(...)
Sinto saudades do presente,
que não aproveitei de todo,
lembrando do passado e apostando no futuro...
Sinto saudades do futuro, que se idealizado,
provavelmente não será do jeito que eu penso
que vai ser...
Sinto saudades de quem me deixou e
de quem eu deixei!
De quem disse que viria e nem apareceu;
de quem apareceu correndo, sem me
conhecer direito, de quem nunca vou ter a
oportunidade de conhecer.
Sinto saudades dos que se foram e de quem
não me despedi direito!
Daqueles que não tiveram como me dizer adeus;
de gente que passou na calçada contrária da
minha vida e que só enxerguei de vislumbre!
Sinto saudades de coisas que tive e de outras
que não tive mas quis muito ter!
Sinto saudades de coisas
que nem sei se existiram.
Sinto saudades de coisas sérias, de coisas
hilariantes, de casos, de experiências...
Sinto saudades do cachorrinho que eu tive um
dia e que me amava fielmente, como só os
cães são capazes de fazer!
Sinto saudades dos livros que li e
que me fizeram viajar!
Sinto saudades dos discos que ouvi e
que me fizeram sonhar,
Sinto saudades das coisas que vivi e das que
deixei passar, sem curtir na totalidade.
Quantas vezes tenho vontade de encontrar
não sei o que... não sei onde...
para resgatar alguma coisa que nem sei o
que é e nem onde perdi...
Vejo o mundo girando e penso que poderia
estar sentindo saudades em japonês,
em russo, em italiano, em inglês...
mas que minha saudade,
por eu ter nascido no Brasil,
só fala português, embora, lá no fundo,
possa ser poliglota.
Aliás, dizem que costuma-se usar sempre
a língua pátria, espontaneamente quando
estamos desesperados... para contar dinheiro...
fazer amor... declarar sentimentos fortes...
seja lá em que lugar do mundo estejamos.
Eu acredito que um simples
"I miss you" ou seja lá como possamos
traduzir saudade em outra língua,
nunca terá a mesma força e significado
da nossa palavrinha.
Talvez não exprima corretamente
a imensa falta que sentimos de coisas
ou pessoas queridas.
E é por isso que eu tenho mais saudades...
Porque encontrei uma palavra para usar
todas as vezes em que sinto este aperto
no peito, meio nostálgico, meio gostoso,
mas que funciona melhor do que um
sinal vital quando se quer falar de vida
e de sentimentos.
Ela é a prova inequívoca
de que somos sensíveis!
De que amamos muito o que tivemos
e lamentamos as coisas boas que perdemos
ao longo da nossa existência...

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Infância

 

Vou falar de uma infância, que guardei em minhas lembranças, de um tempo bom que já passou.
Dos risos daqueles anjinhos, feito cânticos de passarinhos, que a inocência não julgou.
Corre, corre meus amiguinhos, que hoje eu quero brincar.
Brincar de bola ou de viola, de pega-pega ou de boneca, eu sou criança sapeca que também gosta de dançar.
Oh, que pena! Já não sou tão pequena, mas continuo a sonhar.
Sonho com aqueles dias, que só o que era bom existia, e eu não tinha com o que me preocupar.
A alegria era imensa, aquilo era uma bênção, mas tudo um dia tem que mudar. E dar espaço ao novo que vai chegar.
Abre a janela, menina singela, porque ainda não acabou. Novos amigos, novos abraços, e quem sabe um novo amor?
E se preciso for, faça uma prece, porque ela sempre floresce nos lábios de quem a Deus se volta com fervor.
Márcia Jordane